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Santuário N. Sra. da Conceição

A construção dessa igreja foi iniciada em 1727. O risco e a edição das obras são de Manoel Francisco Lisboa, Mestre do ofício de Carpinteiro e pai de Antônio Francisco Lisboa, "O Aleijadinho". Esta igreja de Nossa Senhora da Conceição consta de 8 altares laterais, de rica e variada talha de rococó, exprimindo direta influência portuguesa.

Em frente ao primeiro altar, à direita, está sepultado Antônio Francisco Lisboa, "O Aleijadinho".

No trono do Altar-Mor encontra-se a imagem da Virgem, modelada em tamanho natural, segundo a Conceição de Murilo, no ano de 1893. As talhas desse altar, em colunas salomônicas, foram executadas pelo Mestre Filipe Vieira (1760-1765).

Horário de Visitação

  • 08h30 às 12h0013h30 às 17h00

Horário de Missas

  • 19h00
  • 08h3019h00

MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO de ANTÔNIO DIAS em OURO PRETO

 

Ivo Porto de Menezes

Das mais antigas paróquias de Minas Gerais (1707), a Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias em Ouro Preto, merece destaque também por ser das maiores em tamanho e suntuosidade, senão também pela presença do provável túmulo de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

A certa época, como se vê da relação abaixo e da documentação que se transcreve na íntegra, foi cogitada para catedral do novo bispado de Minas, juntamente com sua co-irmã Nossa Senhora do Pilar. Tal fato leva os irmãos da Irmandade do Santíssimo Sacramento, e da Irmandade de Nossa Senhora da Conceição a construírem nova igreja, segundo o projeto e sob orientação do mestre de obras, Manoel Francisco Lisboa, pai do Aleijadinho.

A 1º de Setembro de 1732, ali tomou posse o governador Conde de Galvêas e a 26 de março de 1735 é a vez do governador Gomes Freire de Andrade ali se empossar.

Coube a Felipe Vieira a execução da talha do altar mor (1760). As pinturas executadas por volta de 1770, apresentam, no entanto, colorido em preto e vermelho, influência oriental. A restauração, a primeira feita em Minas, não pode obter o colorido original.

Entre vários vigários que teve a paróquia, destaca-se o Padre José Joaquim Viegas de Menezes, introdutor da imprensa em Minas Gerais.

Apresentando uma arquitetura típica da primeira metade do século XVIII, teve sua fachada modificada em meados do século XIX, numa imitação neo-clássica da fachada da Capela de Nossa Senhora do Carmo da mesma Ouro Preto. A decoração interna da nave, atribuída ao mesmo Manoel Francisco Lisboa apresenta-se com “arcos majestosos, debaixo dos preceitos da Vignola”, no dizer do vereador segundo de Mariana, Joaquim José da Silva, mostra uma série de oito altares, do lado direitos, na ordem de entrada para capela–mor: Nossa Senhora da Boa Morte, São João Batista, São Gonçalo e São Miguel e Almas; do lado esquerdo, na mesma ordem: São José, São Sebastião, Santo Antônio e Nossa Senhora Aparecida. O Altar mor apresentando o dossel e colunas torsa do período de Dom João V, introduz, nas paredes laterais da capela mor, decoração rocalha. A imagem de Nossa Senhora da Conceição em tamanho natural, lhe foi doada pelo Coronel Cícero Pontes em 1893, inspirada que foi na Conceição de Murilo.

Na Antiga sacristia, consistório e porão, teve o atual vigário Padre Francisco Barroso a feliz iniciativa de instalar o Museu Aleijadinho, onde podem ser admiradas várias obras do mestre, como os leões de Eça, a imagem de São Francisco de Paula, um cristo crucificado, ou ler o lançamento do óbito do Aleijadinho ou de seu pai e construtor da matriz, Manoel Francisco Lisboa.

Criação da Paróquia

No “Compêndio das Épocas das Capitanias de Minas Gerais” é dito que o Bispo do Rio de Janeiro, Dom Francisco de São Jerônimo, enviou como vigário para Ouro Preto os padres João de Faria Fialho e Manoel de Castro, em 1705.

O livro primeiro de batizado da freguesia, contém à página 5, declaração de assento de batizado de 06 de Julho de 1709. “Começando os assentos desta Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Vila Rica e antigo Arraial de Antônio Dias, no ano de 1707, tempo em que se serviu de pároco o Reverendo Marcelo Pinto Ribeiro (…)” é o que consta do documento existente no Arquivo Histórico Ultramarino. Outro documento ali existente afirma, em requerimento da Câmara de Vila Rica, “sendo a de Nossa Senhora da Conceição a mais antiga da Vila e de todas as Minas (…)”.

            Na relação de paróquias de Minas de 1716, já constava seu nome;

            Tornou-se vigaria colada em 1724;

            Em 1727, foi cogitada para ser sede de novo bispado que iria se criar em Minas, escolhida que foi pelo Provedor da Fazenda, Dr. Antônio Berquó Del-Rio, tendo então sido iniciadas as obras de reconstrução.

Irmandades

A Irmandade do Santíssimo Sacramento foi ereta em 29 de Novembro de 1717. A Irmandade de Nossa Senhora da Conceição não se sabe ao certo quando foi ereta, mas existe livro de eleições com termo de abertura datado de 09 de Junho de 1726. A Irmandade de Nossa Senhora das Mercês foi ereta em 1743 e agregada à Ordem Terceira das Mercês por provisão de 20 de Dezembro de 1754. A Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte foi ereta em 1721. A Irmandade de São Miguel e Almas já existia em 1725. A irmandade de Nossa Senhora do Terço contratou, a 13 de Março de 1746, o douramento do retábulo de seu altar com Manuel Gonçalves de Souza por 500$000. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário foi ereta na Matriz, mudando-se posteriormente para sua capela, tendo seu compromisso “apodrecido” em 1718. A irmandade de Nossa Senhora das Dores surgiu a 06 de abriu de 1770, na Matriz quando “se colocou no altar de São João Batista um painel das Dores”. As Irmandades de São Gonçalo, Santo Antônio, São Sebastião, do Terço e São Francisco de Paula existiam na Matriz, em 1786.

Primeira Capela

            Construída, provavelmente, em 1699.

            O Santuário Mariano de Frei Agostinho de Santa Maria, editado em Lisboa em 1707/1723, cita a imagem de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias.

            A 22 de fevereiro de 1712, requeria Gregório de Azevedo e Andrade à Câmara, uns chãos para fazer umas casas, junto à igreja de Antônio Dias.

            Em 1724 achava-se a igreja em ruínas. A Câmara de Vila Rica solicita licença do Rei para aplicar nela 2.500 oitavas que havia prometido, o que é autorizado em 1727.

Obras da Igreja

1727 – Arrematada a obra por Manoel Francisco Lisboa, que “traçou” o risco da igreja. Nos anos 1729, 1730, 1738, 1743, 1749, 1750, 1752 há lançamento de pagamento por obras. Em 01 de Setembro de 1732, toma posse, na Matriz, o novo Governador, o Conde de Galvêas. Em 26 de Março de 1735, toma posse, na Matriz, o novo Governador Gomes Freire de Andrade. 1738/39, Manoel Francisco Lisboa recebeu 2 oitavas pelo feitio dos coros para música. 1745, uma das paredes ameaçava ruína, sendo reconstruída em pedra e cal, sendo contratado Manoel Francisco Lisboa. 1745/46, diversos pagamentos para telhas, tábuas e janelas. 1753/54 João de A. Fonseca recebe 15 oitavas e 3 quartos de soalho de pedra. 1755, prosseguem as obras. 1756, pagamento de novas obras inclusive telhas para a capela mor. 1768/69, despesa com pintura e obra. 1772, Irmão do Santíssimo solicitam ajuda do Rei para assoalhar a Capela Mor. 1794, necessita reparos no frontispício, torres e escadas. 1854, concerto de torres, campas, rebocar e caiar as torres por dentro. 1868, o Engenheiro da Província manda fechar a igreja por ameaçar ruína. O Santíssimo foi transferido para a Capela de São Francisco de Assis. O Governo auxiliou as obras de reconstrução com a quantia de 5.000$000. 1872, auxílio de 2:000$000 do Governo. 18 de Abril de 1855, voltou o Santíssimo para a Matriz, em meio a festas. 1793, recomposta a escada.

Sacristia

1738 – As Irmandades de Nossa Senhora da Conceição, São Gonçalo e das Almas resolveram construir a sacristia, igual à que havia construído a Irmandade do Santíssimo. Mestre de obras Manoel Francisco Lisboa, contratado por 300 oitavas de ouro. Entre os anos de 1739/1740, Manoel Francisco Lisboa executou o forro da sacristia e recebe 300 oitavas. Em 1752/53, Antônio Rodrigues recebe ½ oitava do conserto do telhado da sacristia nova. Em 1854 pagamento pela caiação.

Arcaz

1733 – Recebeu Manoel Francisco Lisboa 200 oitavas do custo do “caixão”. 1753/54 – Ventura Alves Carneiro recebeu ¾ do conserto do caixão de jacarandá e 10 oitavas de jornais.

Supedâneo

1737 – Foi recomposto.

Sino

Em 1741/42 era pago o conserto do sino, pago a Manoel Francisco Lisboa.

Consistório

1752/53 – Ventura Alves Carneiro recebeu 50 oitavas do conserto. 1854 – conserto do forro e assoalho. 1937 – Refeito 80% do assoalho sobre novo barrotamento.

Corredores

1767/68 – Antônio Pinto da Costa recebeu ¼ e 3 vinténs do conserto do corredor da sacristia. 1854 – caiação dos corredores.

Altares

1746 – A Irmandade de Nossa Senhora do Terço contrata, com Manoel Gonçalves de Souza, por 500$000 o douramento do seu altar. 1760 – 26/03, contratada a obra de talha da Capela Mor com Felipe Vieira, pela Irmandade da Conceição. 1764/1765 – Felipe Vieira recebe 35 oitavas e 1 vintém por conta da talha. 1767/68 – pagamento a conta da talha. 1768 – a talha da Capela Mor já estava pronta, necessitando de douramento. 1770/71 – Antônio de Carvalho recebe 7 oitavas ½ e 1 vintém do feitio da peanha da Senhora e pintura da peanha. 1772 – Irmãos do Santíssimo solicitam ao rei ajuda para o douramento e pintura da Capela Mor. 1792 – Brasílio Pereira da Silva recebeu 2 oitavas da pintura do nicho de Nossa Senhora da Conceição. 1937 – reformada a sustentação do altar mor. Recomposta a mesa, retirada do óleo de que estava coberta. 1949 – restauração da pintura interna.

Arco do Cruzeiro

1937 – Foi “recomposta” a cantaria do arco do cruzeiro.

Pias de Água Benta

1937 – Foi retirado o óleo que recobria as duas pias.

Imaginária

No “Santuário Mariano”, de Frei Agostinho de Santa Maria, editado em 17/07/1723, em Lisboa, em citada a imagem de Nossa Senhora da Conceição para peditório. Gervásio Gonçalves recebeu ½ oitava de limpar e consertar três coroas da Virgem da Conceição.

Objetos e mobiliário

1752/53 – Pantaleão da Costa Dantas recebeu 1 oitava pelo conserto de objeto de prata. 1741/42 – Francisco Antônio recebeu ½ oitava pelo feitio da credência e José Martins recebia de pintar a credencia.

Sepultura

Segundo a tradição, na campana fronteira do altar de Nossa Senhora da Boa Morte, está enterrado O Aleijadinho. Segundo o assento de óbitos está enterrado em “cova da boa morte”.

Vigário

Foi Vigário da matriz o Padre José Joaquim de Menezes.

Tombamento

IPHAN – Inscrição nº 247 – livro de Belas Artes f. 43, em 08-09-1939

Documento

“Pela resolução posta à margem da consulta inclusa sobre a conta que deu o Provedor da Fazenda Real da Minas Antônio Berquó del Rio, de haver conseguido o fazer-se em Villa Rica uma igreja que possa servir de Catedral. Se serviu V. Majestade de mandar declarar que o Conselho ordenasse ao dito Provedor da Fazenda que por hora suspendesse a obra da igreja (…). E passando-se as ordens na forma que V. Majestade determinou, respondeu o dito Provedor da Fazenda das Minas, em carta de quinze de julho do ano passado, que a conta que dera a V. Majestade em carta de quinze de agosto de 1724, sobre ter conseguido dos moradores daquela freguesia de Antônio Dias e fazerem uma igreja tal que pudesse servir de Catedral todas as vezes que fosse V. Majestade servido mandar Bispo para aquelas Minas, que logo se pusera em praça a obra da sobredita igreja e se principiara no templo, que a V. Majestade, na sobredita carta dizia e que uma das principias razões que demoveram aos moradores daquela freguesia a concorrerem com as suas esmolas para a sobredita igreja foi o ser a que atualmente há, tão pequena, que nem a quarta parte do povo daquela freguesia cabe nelas e como está já a obra principiada e rematada, e toda ela procede das esmolas daqueles homens, não é possível o conseguir-se deles, para a sobredita obra, maiormente não tendo igreja capaz de se acomodarem nela nem nas suas festas, o que podem na real presença de V. Majestade, que será dificultoso o conseguir-se que aqueles povos concorram com esmolas suficientes para se fazer uma Sé, separada das duas igrejas daquela Vila, que são Antônio Dias e Ouro Preto, porque para agora se poder conseguir o principiar-se igreja no Ouro Preto, que também a que atualmente há é muito pequena, foi necessário que o governador daquelas Minas se empenhasse naquela obra e que qualquer das duas igrejas acabada, poderá servir de Catedral, sendo V. Majestade assim servido e o conseguir-se daqueles homens esmolas para se fazer Sé separada das duas igrejas, lhe parece coisa muito dificultosa e quando se há de conseguir alguma coisa nesta matéria, só sim empenhando-se nela o Governador daquelas Minas com toda a sua autoridade e pedir (…).

Pareceu ao Conselho que visto o estado em que se acha a dita igreja, à qual se deu princípio de antes receber a ordem de V. Majestade, que se deve continuar a obra dela, visto se achar rematada e convirem nisso aos governadores de Vila Rica e para isso aplicarem as esmolas que prometeram, porque será razão que se faça a sua vontade, porque de outra maneira se esfriarão no ânimo com que estão de a porem na sua última perfeição e depois de acabadas as igrejas, de que faz menção o Provedor da Fazenda Real da Minas, se poderá cuidar em qual delas há de ser Catedral par ano Bispo que V. Majestade for servido nomear. Lisboa Ocidental, 8 de Janeiro de 1728. Costa Abreu. Azevedo Galvão”.

Copiado do Código 244 – fls. 7, no Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa.

MENEZES, Ivo Porto. Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias em Ouro Preto. In.: O Arquidiocesano. Nº 1093, Ano XXII. 24 de Agosto de 1980. Páginas: 2 & 3.