Concluída a 42ª Semana do Aleijadinho
20/11/2019Participação da Paróquia na Novena de Cristo Rei
22/11/2019Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
O Evangelho do último domingo do ano litúrgico leva-nos a olhar a cruz de Cristo e a repetir a prece do Bom Ladrão: “Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino”. Então escutaremos a mesma resposta deste Senhor poderoso afiançando-nos que um dia estaremos com Ele no Paraíso (Lc 23,35-43). Trata-se de uma súplica na qual devem estar incluídos todos os que sofrem neste mundo e vivem sem esperança e sem amor. Cumpre rezar pelas vítimas da violência, pelas famílias nas quais não reina a paz, pelos doentes de nossas comunidades. É preciso, de fato, que todos os fiéis sejam mensageiros da grande misericórdia de um Rei poderoso que se sacrificou para todos os seus seguidores no alto de uma Cruz. Elaborada na irrisão, a inscrição colocada acima do Crucificado e escrita em grego, latim e hebraico trazia o motivo daquele suplício: “Este é o rei dos judeus”. Proclamava então a grande verdade, ou seja, ali, de fato, estava um soberano. A realeza de Jesus, porém, não incluía apenas os judeus, mas toda a humanidade como bem explicou São Paulo na Carta aos Filipenses, dizendo que Jesus “se humilhou, fazendo-se obediente até à morte e à morte de cruz. E por isso Deus o exaltou e lhe deu um nome que está acima de todo nome, para que, no nome de Jesus todo o joelho se dobre nos céus, na terra, e abaixo da terra e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor para glória de Deus Pai” (Fil 2,8-11). O mau ladrão, Gestas, proclamou também uma verdade, ao assim se dirigir a Cristo “Não és tu o Messias?”. Errou, porém, ao acrescentar: “Salva-te a ti mesmo e a nós!”. Com efeito, ele não compreendeu o mistério dos sofrimentos que levariam à morte aquele Rei, o Messias. É que Jesus não queria se salvar da cruz, porque ele veio salvar pela cruz, pelo amor que tinha ao Pai e a todos os homens pelos quais Ele padecia. Ele era um rei cujo amor era a força de uma salvação universal e esta era o motivo de seu sofrimento. Este rei que morre pregado numa cruz lança uma luz que ilumina o destino venturoso dos que nele creem e que fazem de seus sofrimentos pessoais uma prova de amor a Ele. Jesus, porém, deixou claro: “Aquele que quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mt 16,24). Cada um de seus seguidores deve, portanto, carregar a cruz de cada dia, no cotidiano da existência que exige esforço e coragem para enfrentar os problemas grandes e pequenos, as incongruências inevitáveis a seres humanos contingentes. Apenas assim o cristão se mostra fiel a este Soberano que por todos se sacrificou. Trata-se de tomar a cruz de um combate contínuo pela autenticidade, o esforço de caridade para com o próximo, o devotamento à evangelização e tudo isto com muito amor no coração e total perseverança na caminhada neste mundo. É deste modo que a existência de um cristão é entregue a Cristo, Rei do Universo. Este é o destino pascal inscrito no dia do batismo e a ser vivido lá onde Deus colocou cada um, ou seja, no lar, na escola, nos lugares de diversões sadias, enfim nas diversas etapas da vida e nas mais variadas circunstâncias. É no cotidiano de nossa vida que Cristo, o Messias, o Rei do Universo quer ser soberano. A realeza de Cristo Rei se manifesta no fulgor de seus ensinamentos vividos pelos seus súditos leais. Estes iluminam o mundo com o ardor de seu amor. É deste modo que se acolhe a vontade do Pai e que se valoriza a Cruz de Jesus. A todo instante se deve manifestar a gratidão a este Rei sem cuja proteção nada de bom se pode realizar para glória divina e salvação própria e de todas as almas. O Rei crucificado é o Salvador do mundo, purificando seus súditos de toda mancha de qualquer pecado, arrancando-os das trevas dos erros, fortificando-os nos embates contra o espírito do mal. Esta cruz do Soberano crucificado é a fonte de todas as bênçãos e de todas as graças. Como alertou o papa São Leão Magno é por ela que “os cristãos logram passar da fraqueza para o vigor, da ignomínia para a honra, da morte para a vida”. É que este Rei prometeu: “Vou preparar-vos um lugar, mas voltarei de novo para tomar-vos e levar-vos comigo; para que, onde eu estiver, vós também estejais!”(Jo 141-3). Sejamos fiéis a Cristo, Rei do universo e, com toda certeza, estaremos um dia com Ele por toda a eternidade.
Fonte: Arquidiocese de Mariana