A Paróquia e o Novo Pároco
15/02/2020Acolhida do Padre Edmar José da Silva Pelos Paroquianos da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Ouro Preto
16/02/2020DISCURSO DE POSSE CANÔNICA EM OURO PRETO
DATA: 14 de fevereiro de 2020
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO ANTÔNIO DIAS
Estimado Dom Airton, nosso querido arcebispo; prezado Dom Barroso, arcebispo emérito de Oliveira; prezados padres e diáconos, estimados seminaristas, caríssimos familiares, excelentíssimas autoridades civis e militares aqui presentes, queridos irmãos e irmãs vindos de Alto Rio Doce, de Itabirito, de Mariana, de Belo Horizonte e de outros lugares, caríssimos ouro-pretanos, queridos paroquianos da paróquia de Nossa Senhora da Conceição. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Deus sempre nos surpreende! Aprendi que devemos estar sempre atentos e abertos para acolher as surpresas que Ele nos reserva, mesmo sem entender o seu insondável e indecifrável desígnio. Há quase cinco anos atrás, com muito choro e emoção, despedia do Seminário de Mariana e das comunidades da Paróquia de Santa Efigênia, aqui em Ouro Preto, paróquia à qual serví durante nove anos como vigário paroquial, aos finais de semana. Na ocasião, fui designado para fazer a minha primeira experiência como pároco na desconhecida (mas agora tão querida) Paróquia de São Sebastião, em Itabirito. Hoje, também depois de muita emoção e comoção em Itabirito, retorno para Ouro Preto, cidade patrimônio mundial da humanidade, para estar à frente de uma Paróquia tricentenária e que já teve ilustres párocos, como Dom Barroso, para falar do mais recentes. Isso é motivo de muita alegria e honra, mas também de preocupação com a grande responsabilidade que pesa sobre os meus ombros.
Caros irmãos e irmãos: posso afirmar que nos últimos anos, em Itabirito, no contato com um povo acolhedor, bondoso, generoso, solidário, trabalhador e, acima de tudo, amante das coisas de Deus e da Igreja, pude amadurecer em humanidade e em espiritualidade. Com o povo de Itabirito, aprendi que acolher não é somente uma questão de etiqueta ou de boa educação, é também questão de fé e de vivência dos valores do Evangelho. Certamente este legado humano e espiritual será muito útil para o exercício do meu ministério presbiteral nesta abençoada terra de Ouro Preto.
Queridos irmãos e irmãs da Paróquia- Santuário de Nossa Senhora da Conceição: assumo essa Paróquia com alegria, de coração aberto, disposto a aprender e desejoso de amar e servir. Ouro Preto tem um patrimônio riquíssimo do ponto de visto histórico, artístico e cultural que não pode ser ignorado ou menosprezado, porque toda esta riqueza está intimamente ligada com a história da Igreja católica nesta querida terra. Toda esta realidade faz parte da identidade católica deste povo tão querido e abençoado. Porém, quero colocar em relevo, de modo especial, o maior e mais inestimável patrimônio desta cidade: o seu povo e a sua religiosidade. Ouro Preto não me é uma cidade desconhecida, por isso, posso afirmar que as pessoas que aqui nasceram e foram criadas, respiram o sagrado e o transcendente refletidos nas suntuosas e majestosas igrejas, nas irmandades, nas ordens terceiras, nas associações religiosas, nos corais clássicos, nos trabalhos de evangelização mais recentes, como as pastorais, os movimentos da Igreja e na sua organização eclesial. Estes são os valores maiores desta cidade que é considerada pela Unesco como Patrimônio mundial da humanidade. Queridos paroquianos, como pároco da Paróquia de Nossa senhora da conceição, do Antônio Dias, fará parte do meu horizonte de trabalho evangelizador todas estas realidades eclesiais, com as quais pretendo dialogar e somar forças, em vista da santificação de todo o povo e fortalecimento do Reino de Deus. Desejo também unir forças com os poderes constituídos (Legislativo, executivo e judiciário) para, juntos, sonharmos e lutarmos por uma sociedade mais justa, mais pacífica e mais fraterna, do modo como foi sonhada por Jesus Cristo. Quero lembrar que o pároco sozinho não consegue nada! Portanto, quero contar com a colaboração de todos os fiéis leigos e leigas para alcançar o que Deus deseja para nossa Paróquia. A você, que já atua na Paróquia, nas suas diversas obras de evangelização, aceite o meu abraço fraterno e renove o seu SIM a Deus e à Igreja. A você que anda meio afastado, perdeu o entusiasmo do primeiro amor a Deus, quero te convidar a abrir o coração e a voltar a fazer parte desta grande família- igreja, colocando seus dons a serviço de Deus. Como dizia Dom Luciano Mendes: a alegria de servir será a sua maior recompensa! Nada e nem ninguém nos rouba esta alegria!
Para finalizar, quero agradecer a Deus pelo dom da vida e da vocação e, por me surpreender a cada dia com seu amor gratuito e generoso. Gratidão a Dom Airton pela confiança em mim depositada ao me confiar esta tricentenária Paróquia; gratidão a Dom Barroso que no período de vacância (nestes últimos dias) assumiu a Paróquia e, com empenho e dedicação, juntamente com a comissão, preparou esta celebração de hoje. Gratidão aos meus familiares (mãe, pai, irmãos, tios, primos) pela presença em minha vida e, de modo especial, neste dia de hoje; gratidão aos irmãos padres, diáconos e seminaristas que aqui se fazem presentes (entendo que esta presença é sinal de unidade e de comunhão fraterna); gratidão ao povo de Itabirito, tão numeroso aqui nesta noite. Jamais os esquecerei! Gratidão aos que vieram da minha terra natal. Obrigado pela presença amiga e fraterna. Gratidão ao povo desta querida paróquia, que me acolhe neste dia. Espero poder corresponder à altura toda a expectativa em mim depositada.
Peço a Maria, a Imaculada Conceição, que me acompanhe nesta nova missão e seja para todos nós, modelo de seguimento a Jesus Cristo e intercessora nossa. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Como é um privilégio participar de uma cerimônia como esta, numa igreja tão bela, permitam-me terminar minha fala com um poema escrito por Carlos Drummond de Andrade, quando se encontrava diante desta magnífica Igreja de São Francisco de Assis:
“Não creio em vós para vos amar. Trouxeste-me a São Francisco e me fazeis vosso escravo. Senhor, não mereço isto.
Não entrarei, Senhor, no templo, seu frontispício me basta. Vossas flores e querubins são matéria de muito amar.
Mas entro e, senhor, me perco na rósea nave triunfal. Por que tanto baixar o céu? Por que esta nova cilada?
Senhor, os púlpitos mudos, entretanto, me sorriem. Mais que vossa igreja, esta sabe a voz de me embalar. Perdão senhor, por não amar-vos”.
Que sejamos todos arrebatados pela beleza que fala de amor e o amor é a expressão máxima da presença de Deus; onde há amor, Deus ai está!
Pe. Edmar José da Silva