As Novas Diretrizes Gerais
10/11/2019Viver para sempre
11/11/2019Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
À fragilidade das obras humanas Jesus opõe a necessidade da constância, da firmeza nas realidades sobrenaturais e perante as provações correspondentes a tudo que é contingente. (Lc 21, 5-19). Com efeito, diante do templo de Jerusalém, guarnecido com belas pedras e dons, Ele afirmou a seus discípulos: “De tudo que estais vendo, dia virá em que não ficará pedra sobre pedra que não seja derrubada”, ou seja, vaticinou a ruína daquela grandiosa construção. Entretanto alertou a seus seguidores: “Pela vossa constância é que ganhareis as vossas almas”, isto é, garantiu que a perseverança na fé e nas provações da vida garante a salvação eterna, não perecível. Portanto, alertou para dois fatos inevitáveis: a efemeridade de tudo que é perecível e o valor da persistência na fé apesar das provações. De fato, é preciso ter em vista a fragilidade dos monumentos, das instituições, dos projetos humanos os quais se apresentam como sólidos, mas que são em si frágeis, eles hoje existem amanhã podem desaparecer. Seus ouvintes estavam maravilhados pela beleza daquele templo, como também através dos tempos muitos estariam iludidos com as realizações proporcionadas pelo progresso tecnológico. Em qualquer época o ser humano é vulnerável e a história registra inúmeros cataclismos, terrorismo internacional, pestes, fome, guerras, tudo isto aterrorizando a humanidade. Eis porque Ele aconselhava a construir para a eternidade onde tudo fica solidificado. A fé e a confiança nele deverão então proporcionar o rochedo sólido que nada poderá destruir. Eis porque na Missa, após a consagração, o celebrante diz: “Eis o mistério da fé” e todos respondem repletos de certeza: “Nós proclamamos tua morte, Senhor Jesus, nós celebramos tua ressurreição, vinde Senhor Jesus”. É que a Boa Nova, mensagem do Filho de Deus, é sempre atual e cumpre recebê-la na vida. Trata-se da certeza da presença viva do divino Redentor na existência dos cristãos aqui, agora e por todo sempre. Algo, portanto, indestrutível. O seu discípulo olha o futuro, mas vive intensamente o presente no qual constrói o que é permanente e inelutável. Jesus prometeu: “Nenhum cabelo de vossa cabeça perderá” (Lc 21,18). Sua presença é reconfortante não obstante todas as tormentas. Num mundo mutável, nas vidas de cada um, em tudo que vai fatalmente passando, no meio de tantas confusões religiosas, éticas, políticas o verdadeiro cristão tem onde se apoiar que é o seu Senhor Jesus Cristo que com ele caminha mostrando como chegar um dia à Casa do Pai. Eis porque seu discípulo ante os preconceitos e a indiferença do atual contexto histórico não desamina nunca e conta com outra promessa de Cristo: “Eu vos darei uma linguagem e uma sabedoria à qual vossos adversários não poderão resistir, nem se opor” (Lc 21,14-15). Sobretudo nas celebrações eucarísticas se encontra a fonte da fortaleza interior, celebrando Aquele que faz renascer da água e do Espírito Santo através de seu Corpo e Sangue que transforma a vida humana tão frágil numa vida eterna já começada aqui na terra. Jesus vem a cada instante para junto daquele que O invoca com unção e vigor, sem cessar, tendo uma visão sábia do fim último de cada um e de toda a história do mundo. É deste modo que se humaniza em ato a presença de Deus. Cada um realizando com todo entusiasmo e espírito de fé as tarefas específicas que a Providência lhe confiou. Trata-se da vivência plena do cotidiano, vivido sempre junto daquele que é o Senhor de tudo. É o traduzir de maneira existencial o conselho de Jesus: “Pela vossa perseverança, ganhareis vossas almas”. Este perseverar significa utilizar os dias que Deus concede para que com as ações diárias se construa um edifício na vida eterna o qual não será nunca destruído O verdadeiro cristão sabe que sua união com Cristo o faz avançar, progredindo sempre, jamais retrocedendo. Jesus quer que seu seguidor tenha uma visão clarificada de seu futuro além-morte. Ai daqueles que, por serem seres pensantes, julgam poderem por si mesmos provar sua superioridade, enfrentando os desafios que surgem. Então aquilatam erroneamente que não têm necessidade de Deus e se tornam vítimas de seu próprio orgulho. Deste modo, provocam a Deus contradizendo o que Cristo afirmou: “Sem mim nada podeis fazer”. A vaidade humana, se não é vencida, acaba levando a uma grande catástrofe pessoal por não reconhecer que longe de Deus sua vulnerabilidade o conduz a desgraças fatais. Tentando desafiar a morte com suas próprias forças, vai ao encontro de todas as desventuras, pois é impossível suplantar os planos divinos. Estes oferecem a felicidade completa não neste mundo, mas na eternidade junto dele. A audácia humana obsta a muitos a trilharem os caminhos de Deus e isto os impede de obter a salvação eterna. Felizes os que se apoiam, não nas ilusões humanas, mas naquele que, mesmo tendo sido pregado numa cruz e nela morrendo, ressuscitou, vencendo todos os tormentos e abrindo para seus seguidores uma perspectiva de eternidade feliz graças ao seu poder divino.